O adeus de Bruno Pires ao ciclismo
O ciclista português Bruno Pires que neste último ano correu pela Team Roth, anunciou ontem o final da sua carreira como ciclista profissional.
Bruno escolheu o Facebook como meio de divulgação desta sua decisão e foi com um bonito mas tocante texto que o fez.
Conhecemos o Bruno Pires no ano passado quando tivemos a possibilidade de o entrevistar. Encontramos uma pessoa afável, bastante humilde e acessível. Tivemos com ele uma fantástica conversa na qual ficou claro a sua paixão por esta modalidade. Agora que a carreira como ciclista termina, temos a certeza que uma nova irá começar e esperemos que ligado à modalidade que ama.
Ao Bruno deixamos os nossos mais sinceros votos de felicidades e que a vida lhe traga tudo aquilo que deseja.
"Tudo começa e tudo termina, a vida é como o deporto e a profissão que tive até á bem pouco tempo, feita de, e por etapas.
Eu chego ao fim desta, iniciada quando tinha 14 anos e termina com 35, não foi da forma que eu pensava, pois queria ter sido eu a dizer esta é a ultima corrida que realizo como Ciclista profissional, mas isso não irá acontecer dessa forma, pelo menos penso eu... no entanto aconteceu de uma forma... e como nada é por acaso; terminei esta etapa de uma forma não programada mas bonita, pois foi na Volta a Portugal, a corrida que me fez sonhar, lutar, e crer um dia ser ciclista profissional para a poder correr.
Comecei por acaso neste desporto, pois não gostava de ciclismo, e lembro me que quando a Volta ao Alentejo e Volta a Portugal passavam na estrada que liga o Redondo a Évora na altura do Verão e estavam normalmente 38 40 graus, eu dizia debaixo de uma Azinheira que isto é profissão que eu nunca vou ter, caso para dizer nunca digas nunca...
Foi duro o percurso que tive que fazer em especial no inicio, pois tinha que fazer longos treinos no Alentejo e a maioria das vezes só, mas a minha vontade, ambição e sonho de um dia vir a ser ciclista profissional, tornavam isso mais fácil, o facto de representar a nossa Seleção Nacional em várias competições e de ser selecionado entre os melhores jovens do pais, faziam crescer a cada ano essa vontade e tudo fazia sentido e valia a pena.
Fui conquistando objectivos e realizando sonhos, sempre com bastante determinação, ajuda e sorte, mas cada vez acredito mais que quando queremos algo, temos que ser focados e acreditar em nós, depois as coisas vão encaixando, como é obvio o trabalho é fundamental...
Fui conquistando objectivos e realizando sonhos, sempre com bastante determinação, ajuda e sorte, mas cada vez acredito mais que quando queremos algo, temos que ser focados e acreditar em nós, depois as coisas vão encaixando, como é obvio o trabalho é fundamental...
Os objectivos não eram apenas a nível de vitorias o bons resultados, mas também na conquista de experiências e sonhos que pareciam muito difíceis de alcançar, mas eu provei que conseguia chegar a eles, como passar a profissional, e quando nenhuma equipa me queria para essa categoria, de não ter onde correr a passar para a melhor equipa do pais a Maia Milaneza foi questão de convencer o melhor Director desportivo que tive ao logo de toda a minha carreira o meu amigo Manuel Zeferino.
Depois foi ganhar o meu espaço e provar que a aposta dele estava certa, veio a primeira vitoria como ciclista profissional, a Volta a Trás os Montes, mais alguns anos em Portugal, mas o desejo começou a mudar em direcção ao ciclismo internacional e as grandes equipas mundiais, treinando com o José Azevedo uma referencia para mim desde jovem e vendo essas corridas na TV essa chama cada vez era maior, o problema era conseguir convencer uma pessoa a acreditar em mim e abrir me a porta para isso. Inicialmente foi o meu verdadeiro amigo Xavi Tondo, que me disse qual a linha a seguir para que ele tenta-se me levar para junto dele e dessa forma concretizar mais esse sonho, no entanto, como as coisas nunca foram totalmente fáceis para mim, a equipa onde ele estava, a Cervélo acabou por se juntar com outra equipa, e eu não tendo feito uma boa Volta a Portugal pensei, bom agora nem lá fora nem cá em Portugal... No entanto e como sempre fui muito determinado em conseguir algo que eu acredito, fui á luta e essa luta era voltar a convencer outra pessoa em me dar mais uma oportunidade para provar o meu valor numa equipa de primeiro nível Mundial, mais uma vez consegui, pois com sinceridade e honestidade acabei por convencer o meu grande amigo e padrinho da minha filha, Ricardo Scheidecker, que por incrível que pareça foi meu mecanico na seleção quando eu era Junior , devo lhe muito, mas sei que ele tem orgulho por um dia me ter dado a sua confiança, e eu sempre a respeitei e valorizei.
Depois foi ganhar o meu espaço e provar que a aposta dele estava certa, veio a primeira vitoria como ciclista profissional, a Volta a Trás os Montes, mais alguns anos em Portugal, mas o desejo começou a mudar em direcção ao ciclismo internacional e as grandes equipas mundiais, treinando com o José Azevedo uma referencia para mim desde jovem e vendo essas corridas na TV essa chama cada vez era maior, o problema era conseguir convencer uma pessoa a acreditar em mim e abrir me a porta para isso. Inicialmente foi o meu verdadeiro amigo Xavi Tondo, que me disse qual a linha a seguir para que ele tenta-se me levar para junto dele e dessa forma concretizar mais esse sonho, no entanto, como as coisas nunca foram totalmente fáceis para mim, a equipa onde ele estava, a Cervélo acabou por se juntar com outra equipa, e eu não tendo feito uma boa Volta a Portugal pensei, bom agora nem lá fora nem cá em Portugal... No entanto e como sempre fui muito determinado em conseguir algo que eu acredito, fui á luta e essa luta era voltar a convencer outra pessoa em me dar mais uma oportunidade para provar o meu valor numa equipa de primeiro nível Mundial, mais uma vez consegui, pois com sinceridade e honestidade acabei por convencer o meu grande amigo e padrinho da minha filha, Ricardo Scheidecker, que por incrível que pareça foi meu mecanico na seleção quando eu era Junior , devo lhe muito, mas sei que ele tem orgulho por um dia me ter dado a sua confiança, e eu sempre a respeitei e valorizei.
Essa oportunidade proporcionou me viajar por grande parte do Mundo, aprender 3 línguas, ter uma experiência e visão internacional, observar, aprender e privar com alguns dos melhores ciclistas Mundiais, tais como Irmãos Schleck, Cancelara, O'Grady, Voigt, Benatti, Contador, Majka, Sagan, Rogers, entre outros...
Vestir a mesma camisola, as refeições na mesma mesa, partilhar quarto e vivências fora da bike, isso foi um privilegio e será sempre experiência.
Mas também em Portugal tive óptimos momentos, possivelmente os de mais entusiasmo, pois vencer é vencer, óptimos colegas e outros que se tornaram amigos e tantas pessoas com quem tive o prazer de falar, partilhar experiências, alegrias e também tristezas. Uns ficaram para sempre no meu coração outros na memoria.
Vestir a mesma camisola, as refeições na mesma mesa, partilhar quarto e vivências fora da bike, isso foi um privilegio e será sempre experiência.
Mas também em Portugal tive óptimos momentos, possivelmente os de mais entusiasmo, pois vencer é vencer, óptimos colegas e outros que se tornaram amigos e tantas pessoas com quem tive o prazer de falar, partilhar experiências, alegrias e também tristezas. Uns ficaram para sempre no meu coração outros na memoria.
Resumindo tive uma carreira feliz, podia ter feito melhor, mas também podia ter feito menos, foi o possível, olhando para trás sinto-me orgulhoso do caminho que fiz.
Chegou ao fim, mas só foi possível porque durante este caminho tive a sorte de encontrar pessoas que me ajudaram, apoiaram, acreditaram, se sacrificaram, e chegando ao fim faz sentido os mencionar, e de certeza absoluta alguns não serão mencionados, mas sabem que contribuíram e estiveram presentes em alguma parte deste caminho..."
Texto retirado na integra da página de Facebook do Bruno Pires
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