Os destaques do Milão-São Remo 2015
John Degenkolb no pódio em São Remo (na imagem) |
O segundo monumento do ciclismo está à porta, iremos analisar os maiores destaques do primeiro monumento do ciclismo da temporada, o Milão-São Remo.
John Degenkolb
Obviamente Degenkolb tem de estar entre os destaques positivos, foi o vencedor. Mal se viu durante a prova, mas conseguiu 'sobreviver' no grupo principal, o que também não é surpresa, já que costuma passar com relativa facilidade as pequenas dificuldades.
Depois de conseguir estar no grupo e as fugas todas terem sido anuladas, Degenkolb posicionou-se na perfeição, quando arranca já Kristoff o tinha feito e tinha uma vantagem interessante, porém o alemão foi explosivo o suficiente para ir buscar o norueguês e adicionar o primeiro monumento ao seu currículo.
Como ele descreveu no final da prova: "foi a maior vitória da minha carreira...".
Luca Paolini
Paolini já fez pódio por duas ocasiões na prova. este ano a sua função era bem clara, ajudar Kristoff a obter a segunda vitória consecutiva. No final o objectivo não foi alcançado.
No entanto, o seu trabalho foi soberbo, na subida da Cipressa, Kristoff estava em dificuldades e foi Paolini que na descida o recolocou no grupo principal. Na subida do Poggio, Paolini foi para a frente do grupo controlar a corrida, sempre com seu líder atrás de si.
O enorme trabalho do italiano não foi finalizado com êxito por Kristoff, mas não foi por causa de Paolini que o norueguês não bisou.
Nacer Bouhanni
O sprinter francês está nos destaques positivos, principalmente porque praticamente sem equipa consegue um honroso sexto lugar final.
Bouhanni é um dos sprinters que consegue passar as subidas mais curtas com algum conforto, no entanto com a sua equipa a não lhe dar o apoio adequado e perante uma oposição de primeira água, o francês saiu-se bem.
No final Bouhanni queixou-se da falta de apoio da sua equipa e que poderia ter feito melhor. Nunca saberemos se faria melhor ou não, o que é verdade é que sem a equipa junto de si, conseguiu chegar no grupo principal e ainda lutar pelos primeiros lugares.
Apesar da ainda não ter obtido nenhuma vitória este ano, Bouhanni no primeiro monumento do ano, deu sinais que poderão estar aí as vitórias.
Edvald Boasson Hagen
A última grande vitória de Boasson Hagen aconteceu a 4 de junho de 2013, na 3ª etapa do Critérium du Dauphiné 2013. Desde daí os bons resultados escasseiam. No ano passado foi segundo classificado na Omloop, talvez o melhor que conseguiu nestes quase últimos dois anos.
O 10º lugar no primeiro monumento do ano é um sinal de esperança de que o norueguês poderá estar de volta aos melhores tempos.
Quem deve estar contente é a sua 'nova' equipa, a MTN-Qhubeka que apostou num ciclista que apesar de ser um talento, estava a passar por um período bastante complicado e os resultados não apareciam.
Esperemos que Boasson Hagen confirme e volte aos melhores tempos.
Michael Matthews
Com a ausência de Simon Gerrans a aposta da Orica-GreeEdge recaía no seu sprinter que em 2014 lhe deu algumas alegrias. Michael Matthews era um dos favoritos a vencer a prova e apesar de não ter vencido, conseguir um pódio para o australiano é mais que satisfatório.
Matthews nas próximas edições será um dos homens a seguir.
Niccolo Bonifazio
O jovem talento italiano, teve um final de temporada em 2014 de bom nível, dando sinais que era um talento a seguir nos próximos anos. O que ninguém esperava era que já em 2015, com apenas 21 anos, Bonifazio iria conseguir um top-5 no Milão-São Remo.
Nesta temporada já tinha vencido em Lugano e confirmou na prova que ainda por cima é no 'seu quintal', o enorme talento que a Lampre tem na sua equipa.
Uma curiosidade é que Bonifazio vive na região onde decorre a Milão-São Remo e detém o record no strava (KOM) do Poggio.
Davide Cimolai
Davide Cimolai é mais um jovem talentoso italiano que a Lampre tem na sua equipa. Este ano já tinha vencido o Trofeo Laigueglia e a 5ª etapa do Paris-Nice.
Sabia-se que estava em boa forma, o que não se sabia é que seria suficiente para estar entre os melhores na Classicissima.
Grande prova da Lampre que colocou dois homens no top-10.
Mark Cavendish
Quando pensamos em sprinters, pensamos em Mark Cavendish. A Milão-São Remo é conhecida por ser a 'clássica dos sprinters' e naturalmente Cavendish era um dos principais candidatos a vencer a prova este ano.
O britânico já venceu a Classicissima em 2009 e mais uma vez a sua equipa apresentava-o como líder da equipa.
Não foi possível concluir o objectivo, Cavendish não conseguiu chegar no grupo principal, queixando-se no final de problemas mecânicos que o impediram de se manter no mesmo.
Uma desilusão para o britânico, que procurava mais uma vitória na temporada, no entanto, não seria uma vitória qualquer, era um triunfo num dos monumentos do ciclismo.
Fabian Cancellara
A regularidade de Fabian Cancellara nas clássicas é como um relógio suiço. É provavelmente o melhor classicoman da sua geração e das últimas duas décadas. Extraordinário no pavé e fantástico nas clássicas mais tradicionais, o Suiço é uma autêntica máquina de ciclismo. Em termos de regularidade, apenas Alejandro Valverde se pode comparar no ciclismo actualmente.
Vencedor da Milão-São Remo em 2008, Cancellara vinha de quatro pódios seguidos (2º em 2011, 2012, 2014 e 3º em 2013), o que se pode esperar de alguém com este tipo de resultados? Só uma coisa, ganhar, porém o suiço foi uma desilusão sobretudo porque nunca esboçou um único ataque, nem no Cipressa, nem no Poggio, nem em descida, nem no plano, simplesmente não mexeu na corrida, esperando pelo sprint final e teve o resultado que mereceu, um 7º lugar, que para muitos seria um excelente resultado, mas para Fabian Cancellara não é.
Juan José Lobato
Excelente inicio da temporada indicava que Lobato poderia fazer alguma coisa no primeiro monumento do ano. No entanto, a meio do Cipressa, o espanhol ficou para trás, sem capacidade para estar no grupo dos melhores e sem grande ajuda da equipa que tinha Valverde na frente.
Lobato tinha sido quarto classificado em 2014, o que faz com a amargura pelo desempenho ainda seja maior.
Uma das maiores desilusões.
Arnaud Démare
Démare é um sprinter muito jovem, certamente ganhará muito ao longo da sua carreira. Com 23 anos já tem algumas vitórias interessantes, mas o francês ainda não conseguiu vencer nenhuma etapa de uma grande volta e ainda não teve nenhuma actuação digna de registo num dos monumentos, o melhor resultado até foi curiosamente no Paris-Roubaix.
Falta dar esse passo, para que Démare seja levado mais a sério, acabar a 'clássica dos sprinters' num modesto 127º, é demasiado mau e demonstra que o francês ainda tem de evoluir muito.
Ainda para mais, ver Bouhanni lutar pelos primeiros lugares torna isto ainda pior para Arnaud Démare.
Peter Sagan
Peter Sagan como toda a equipa da Tinkoff-Saxo não estão a ter um ano fácil, o que já resultou na saída de Bjarne Riis da equipa.
Depois de ter conseguido a primeira vitória em 2015 na última etapa em linha do Tirreno-Adriático, Sagan procurava a sua primeira vitória num dos monumentos.
Em 2013, o eslovaco foi segundo na Classicissima e também foi vice noutro monumento, a Volta à Flandres. No ano passado, foi décimo na Milão-São Remo e mais uma vez chegava à edição deste ano como um dos favoritos.
No entanto, voltou a fracassar, porém o resultado foi melhor que o do ano transacto e o eslovaco esteve na discussão do vencedor. A má colocação para o sprint final e a pouca ajuda da sua equipa influenciou o resultado final de Sagan, que apesar disso conseguiu chegar ao quarto posto e esteve a uma unha negra de chegar ao pódio.
Pode-se dizer que esteve bem, mas... não chegou e para um ciclista como Sagan, ser segundo, terceiro ou quarto é pouco.
Alexander Kristoff
O norueguês tinha vencido em 2014 e chegava à Classicissima para defender o título e era dado pela maioria como o grande favorito.
Porem, Kristoff pode agradecer a Luca Paolini ter conseguido discutir o sprint final, na subida do Cipressa o norueguês esteve em dificuldades, ficando para trás e foi Paolini a recolocá-lo no grupo de favoritos. No Poggio sob o comando de Paolini, Kristoff manteve-se no grupo e foi assim até ao fim.
No sprint final, Kristoff lançou-o muito cedo, aprecia que iria vencer a prova até que detrás aparece um super-Degenkolb, que lhe retira a vitória, com um bicicleta de avanço.
Kristoff não esteve mal, mas não chegou para bisar.
Greg Van Avermaet
O belga sabia que só podia vencer de duas formas. Ou atacava no Cipressa ou Poggio e chegava isolado ou se o ritmo do grupo principal nas duas subidas fosse demasiado duro para os melhores sprinters ficarem para trás e um grupo selecto chegar, caso acontecesse, Van Avermaet era um dos favoritos para a chegada final.
O belga tentou no Poggio, perseguiu Geraint Thomas, que também fez de tudo para se isolar, mas no fim não conseguiu tal feito e alguns dos sprinters aguentaram-se no grupo.
No entanto, pelo menos tentou e fez de tudo para tentar vencer, mas não foi suficiente.
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